Vítor Ogawa - Folha de Londrina
A
Polícia Civil de Maringá tenta desvendar um crime permeado de mistérios
e que chocou o município de Flórida. Quatro jovens, um deles o
londrinense Daniel Gonçalves Júnior, 20 anos, conhecido por "Juninho",
que estavam desaparecidos há dez dias, foram mortos em circunstâncias
ainda não esclarecidas. A polícia localizou no meio da tarde de ontem os
corpos de Eder das Neves de Oliveira, 21, natural de Atalaia, e de
Gonçalves Júnior no meio da mata da Fazenda Pinga Fogo, que fica na zona
rural entre os municípios de Flórida e Ângulo.
Ambos vinham sendo dados por desaparecidos desde o último dia 8.
Na noite da última quarta-feira, os corpos da maringaense Ana Cláudia
Alves, de 22 anos, e o atalaiense Jonathan Moreira da Silva, amigos dos
dois, já tinham sido encontrados a poucos metros dali. O crime já é
considerado uma das maiores chacinas que a pequena Flórida, cidade com
cerca de 2.600 moradores, já viu. Entre as linhas de investigação, a
polícia descarta relação com o tráfico de drogas.
Tudo indica que os quatro amigos estavam na casa do londrinense
Gonçalves Junior no final de semana dos dias 7 e 8 deste mês, onde
teriam participado de uma festa, quando desapareceram. Um dos eixos
dessa história pode estar centrado em "Juninho", como Daniel Gonçalves
Júnior era conhecido entre os amigos. Ele havia se mudado para Flórida
há sete meses. Os policiais encontraram sua casa toda desarrumada,
indicando a possibilidade de que teria ocorrido uma luta corporal.
Dentro da residência foram localizados dois aparelhos de telefonia
celular – um pertencente a Ana Cláudia. As roupas estavam espalhadas por
vários cômodos, inclusive as sandálias da garota.
Uma amiga da família de Ana Cláudia, que se identificou apenas
como Jéssica, ressaltou que há um vídeo que foi gravado por Juninho em
um telefone celular com uma mensagem para que a polícia fosse atrás de
uma pessoa específica caso alguma coisa acontecesse com ele. Ela não
soube dizer para a reportagem quem era essa pessoa.
Investigação
O delegado-chefe da 9ª Subdivisão da Polícia Civil, Osmir
Ferreira Neves Junior, afirmou que possui algumas linhas de
investigação, mas uma é mais forte que as demais. "Não posso revelar
para não prejudicar as investigações, mas não há relação com o tráfico
de drogas", descartou. Segundo o delegado, este caso é muito diferente
dos que está acostumado a lidar no dia a dia. Ele destacou que pelo
posicionamento dos corpos não há a possibilidade que tenha sido um
latrocínio ou um sequestro comum. As primeiras duas vítimas encontradas
eram filhos de beneficiárias do programa Bolsa Família. Os corpos
localizados ontem seriam encaminhados ao Instituto Médico-legal de
Maringá.
Duas das mortes indicam execução
Primeiros a ter os corpos localizados pela polícia, Jonathan
Moreira da Silva foi encontrado de bruços, com as mãos amarradas nas
costas por um fio telefônico, e Ana Cláudia estava caída para a frente.
"Foram atingidos por tiros na nuca, o que indica uma execução", relatou o
delegado-chefe da 9ª Subdivisão Policial de Maringá, Osmir Ferreira
Neves Junior. A polícia não forneceu mais detalhes sobre as outras
execuções. "Estamos com 12 investigadores trabalhando no caso e as
viaturas da PM. Ainda não temos nenhuma pista dos assassinos", afirmou.
Ana Cláudia e Jonatham foram sepultados ontem.